“Mofado Caio De Um Sonho De Uma Noite De Verão
Em Uma História Sem Fim De Cinema!”
(ou Rascunho de Dragão em IV Ondas)
I.
além do jardim
ninguém fala a mesma língua
as dádivas cobradas selvagens
nos furtam do concreto
a alma distraída
que nos guia pela rua
o único de cada hora
é a repetitiva visão do amanhã
só que o azul do céu não é o sol
mas a tristeza da hora de partir
parto
II.
o coração leve
na monotonia da inconstância
todos filmes que chorei
são livros lacrados
obliteração fluida
de 1.000rps por semanas
não a freqüência constante das marés
mas a chuva de verão
a tempestade tropical
o furacão
o coração leve é o olho do furacão
III.
cada um está só no coração do mundo
atravessado por um raio de sol
e súbito crepúsculo
sem me ter, todo dia se arrasta
comigo, nenhuma noite é muito longa
… me ame menos, mas me ame por muito tempo
como se pudesse manter suspenso no ar
o coração leve – sempre há ventania,
sempre há tempestade tropical;
o coração leve é o olho do furacão
cercado pelos relâmpagos lendários do
oriente deste vendaval
enquanto desafiamos a gravidade
nos manter com todo peso em guarda – roupas encharcadas
de perto eletrizadas, sem tocar (por
medo das baforadas) – não dá pra seguir em frente
não dá pra deixar pra trás – nós
desafiando a gravidade
enquanto dançamos na beira do precipício contra-ad-
mirado mundo novo ao
som dos trovões se aproximando o
toque – não
podemos encher o espaço, um ao outro, preenchemos dentro de cada metade, adiante o inevitável colapso dos mundos, aproximando sem tocar, matemáticos contra os dragões, prenhes em cada fração fissurável até esgotar a leveza
engravida-de
parto
IV.
vestígios de um dia
você não dorme com o Gim, mas ele acorda com você
linguando a ressaca seca, irriga a garganta e gargalhada de perfume
mistura pau-no-pau o cheiro de borracha-de-vênus metida a lagartixa
num sol que não dura o sábado
a primeira escolha da manhã – 1ª
a madrugada divaga quem é você,
mas o dia só pergunta o quê fazer com ele...
e nada que explique o amanhecer vai te levar ao fim da noite /
eu sou um bocado
bêbado, um bocado viado, um bocado
louco, um bocado escritor;
mas um bocado é apenas um pedaço,
algo que explica quem é você ao fim do dia...
nas fossas marinhas das conversas de bar?!
Nenhum comentário de boutique, palavrão fora de hora, ou filosofia amanhecida de sexta-feira torna mais fácil levantar da cama e decidir o que fazer da sua vida.
Vá estereotipar a sua mãe!
(e não esqueça de converter o betamax em blue-ray, pra não ficar pesado...)
4 comentários:
tivo... que lindo. fica bem mais bonito quando eu não estou fazendo tese e ouvindo mais ou menos o que você lê. vá estereotipar a sua mãe é ótimo. nao entendo o betamax em blue-ray porque não tenho idéia do que seja isso... e vc é um bocado muita coisa e vai continuar sendo em qualquer canto do mundo.hoje eu te mencionei brevemente no meu blog, não sei nem se vc entenderia onde. beijos!
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Regards
Demorei para achar o blog. Gostei muito. Deveria voltar a escrever outrora.
Abraço.
Te conheci em uma festa no porao que parecia nao terminar nunca. Minto, antes da festa declamaçoes loucas de um poema dos perfumes.
A noite terminou com um filme, pessoas e uma cama estranha na sala da Bela Cintra.
É gostoso encontrar voce agora aqui, depois da mari ter entrado na minha vida, depois de tanta gente te pintando.
Seu texto me deu saudades do Caio. Fragmentos de um discurso amoroso.
Braccio
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